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Curso JTE - Artigo 5 - Componentes dos JTES: Hidrologia - Elemento Essencial para a Eficácia

A hidrologia é talvez o fator mais crucial na eficácia dos Jardins de Tratamento de Efluentes (JTEs). O sucesso desses sistemas depende de uma compreensão detalhada dos fatores hidrológicos e de como eles influenciam o desempenho do tratamento. Neste artigo, vamos explorar os principais aspectos da hidrologia dos JTEs e como eles são considerados no design desses sistemas, garantindo uma operação eficiente e sustentável.


Sumário do Artigo:


Considerações de Hidrologia no Design do JTE

Os fatores hidrológicos no design de um JTE incluem o volume de água, sua confiabilidade e extremos, e seu movimento através do local. Considerações importantes envolvem clima e condições meteorológicas, hidropério, tempo de residência hidráulica, taxa de carga hidráulica, trocas de água subterrânea, evapotranspiração e balanço hídrico geral.


Corte esquemático indicando os Processos no  Jardim de Tratamento de Lodo
Processos no Jardim de Tratamento de Lodo

Clima e Condições Meteorológicas

Os JTEs são sistemas de águas rasas abertos à atmosfera e, portanto, fortemente influenciados pelo clima e pelo tempo. Chuvas, derretimento de neve, escoamento de primavera, secas e temperaturas podem afetar o tratamento dos efluentes.

  • Chuvas Intensas e Derretimento de Neve: Podem reduzir o tempo de residência hidráulica, diminuindo a eficiência do tratamento devido ao aumento das velocidades de fluxo e ao tempo de contato reduzido.

  • Temperaturas Mínimas: Podem limitar a capacidade dos JTEs de tratar certos poluentes. Durante o inverno, temperaturas de congelamento podem reduzir o tratamento se o jardim congelar completamente ou se uma camada de gelo impedir a entrada de água no sistema.

Hidropério

O hidropério refere-se ao padrão sazonal de flutuações do nível de água, descrito pelo tempo, duração, frequência e profundidade da inundação. O hidropério resulta do balanço entre entrada, saída e armazenamento de água. Ele determina a disponibilidade de água ao longo do ano e influencia a necessidade de armazenamento e drenagem.

Tempo de Residência Hidráulica

O tempo de residência hidráulica (TRH) é o tempo médio que a água permanece no JTE, expresso como volume médio dividido pela taxa de saída média. Se ocorrer um curto-circuito hidráulico, o tempo de residência efetivo pode diferir significativamente do calculado. Um TRH adequado é essencial para garantir que os processos biológicos e químicos tenham tempo suficiente para ocorrer, resultando em uma remoção eficaz de contaminantes.

Taxa de Carga Hidráulica

A taxa de carga hidráulica (TCH) refere-se à carga sobre um volume de água por unidade de área. Esse parâmetro é crucial para determinar a eficiência do tratamento em relação ao volume de água e à área disponível. Uma TCH bem calculada garante que o sistema não seja sobrecarregado, mantendo a eficiência do tratamento e evitando a degradação do desempenho.

Troca de Água Subterrânea

A troca de água entre um JTE e a água subterrânea afetará a hidrologia do sistema. Jardins de tratamento para efluentes domésticos, agrícolas e drenagem de minas geralmente são revestidos para evitar a contaminação da água subterrânea. Se o jardim estiver devidamente vedado, a infiltração pode ser considerada negligível. No entanto, em sistemas não revestidos, a interação com a água subterrânea deve ser cuidadosamente monitorada para evitar contaminações indesejadas.

Evapotranspiração

A evapotranspiração (ET) é a perda combinada de água através da transpiração das plantas e da evaporação da superfície da água. Em JTEs, onde a área de superfície é grande em relação ao volume de água, a ET é um fator importante. Muitas plantas de wetlands não conservam água durante períodos quentes e secos, transferindo grandes quantidades de água para a atmosfera no verão.

Em JTEs continuamente inundados, a ET pode ser geralmente estimada como equivalente à evaporação de lagos, ou aproximadamente 70% a 80% dos valores de evaporação em tanques. Esses dados podem ser obtidos de estações meteorológicas locais.

imagem de uma planta e folhas indicando a perda de água para o meio - evapotranspiração

Balanço Hídrico

O balanço hídrico geral de um JTE é um cálculo das entradas, armazenamento e saídas de água. As entradas de água incluem águas superficiais (efluentes ou águas pluviais), infiltração de águas subterrâneas (em jardins não revestidos) e precipitação. O armazenamento é a água superficial mais a água nos espaços porosos do substrato. As saídas compreendem evaporação da superfície da água, transpiração pelas plantas, descarga de efluentes e exfiltração para águas subterrâneas.

Conclusão

A hidrologia é um componente crítico no design e operação eficaz dos Jardins de Tratamento de Efluentes. Considerações cuidadosas sobre o clima, hidropério, tempo de residência, taxa de carga hidráulica e balanço hídrico são essenciais para garantir que os JTEs funcionem de maneira eficiente e sustentável. A Ecclo, com sua expertise, está comprometida em aplicar essas considerações de maneira eficaz para oferecer soluções de tratamento de efluentes que atendam às necessidades ambientais e operacionais no Brasil.

 

Esse é o quinto artigo do Curso: Jardins de Tratamento. Fique conosco e descubra como os Jardins de Tratamento de Efluentes podem transformar a gestão da água em uma história de sustentabilidade e equilíbrio.

Artigos da Série:

  1. Introdução aos Jardins de Tratamento de Efluentes

  2. História e Evolução dos Wetlands e Jardins de Tratamentos

  3. Princípios Básicos dos Jardins de Tratamento

  4. Tipos de Jardins de Tratamentos

  5. Componentes dos JTES: Hidrologia - Elemento Essencial para a Eficácia

  6. Componentes dos JTES: Substratos - A Base para um Tratamento Eficaz

  7. Componentes dos JTES: Vegetação - Escolha e Manejo para Máxima Eficácia

  8. Processos de Tratamento de Efluentes em Jardins e desempenho

  9. Design Geral e Dimensionamento dos Jardins de Tratamento de Efluentes (JTEs)

  10. Aplicações Industriais dos Jardins de Tratamento

  11. Manutenção e Monitoramento de Jardins de Tratamento

  12. Desafios e Soluções em Jardins de Tratamento

  13. Impacto Ambiental e Sustentabilidade dos Jardins de Tratamento

 

Este artigo foi baseado no conhecimento dos especialistas da Ecclo e em uma vasta revisão da literatura especializada. As fontes de referência incluem trabalhos fundamentais e atualizados na área de tratamento de águas residuais utilizando Jardins de Tratamento. A seguir, apresentamos a lista de referências bibliográficas que embasaram este estudo e contribuíram para a profundidade e precisão das informações apresentadas:

  1. Stefanakis, A. I., Akratos, C. S., & Tsihrintzis, V. A. (2014). Vertical Flow Constructed Wetlands: Eco-engineering Systems for Wastewater and Sludge Treatment. Elsevier. DOI: 10.1016/B978-0-12-404612-2.00001-5.

  2. von Sperling, M., & Sezerino, P. H. (2018). Boletim Wetlands Brasil - Edição Especial: Dimensionamento de Wetlands Construídos no Brasil. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto.

  3. Sezerino, P. H., et al. (2018). Wetlands Brasil: Experiências Brasileiras. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto.

  4. Alexandros Stefanakis, et al. (2019). Introduction to Constructed Wetlands. ResearchGate. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/288194309_Introduction_to_Constructed_Wetlands.

  5. Vymazal, J. (2022). The Historical Development of Constructed Wetlands for Wastewater Treatment. Land, 11(2), 174. https://doi.org/10.3390/land11020174

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