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Curso JTE - Artigo 4 - Tipos de Jardins de Tratamento

Os Jardins de Tratamento de Efluentes (JTE), também conhecidos como wetlands construídos, são sistemas versáteis e eficientes para o tratamento de águas residuais. Dependendo do tipo de efluente e das condições locais, diferentes tipos de jardins podem ser aplicados para otimizar o processo de tratamento. Neste artigo, vamos explorar os principais tipos de Jardins de Tratamento, suas características, vantagens e aplicações.

Sumário do Artigo:


Tipos de Jardins de Tratamentos

Podem ser classificados em três tipos principais: Jardins de fluxo superficial, Jardins de fluxo subsuperficial horizontal e Jardins de fluxo subsuperficial vertical. Cada tipo possui características específicas que os tornam adequados para diferentes situações de tratamento de efluentes.

Jardins de Fluxo Superficial


Esquema indicativo de como é um jardim do tipo fluxo superficial, onde as plantas são plantadas no substrato no fundo e a água residual passa acima na parte aérea das plantas.
Jardim de Fluxo Superficial ou Jardim de Fluxo Livre (FWS)

Os Jardins de fluxo superficial ou Jardins de Fluxo Livre (FWS) são projetados para que a água residual flua sobre a superfície do substrato, cobrindo parcialmente a vegetação emergente. Esse tipo é frequentemente utilizado em áreas onde o espaço não é uma limitação e é possível criar um ambiente similar ao de wetlands naturais.

Características:

  • A água flui sobre a superfície do solo ou substrato.

  • São geralmente menos profundos, com uma profundidade típica de 0,3 a 0,6 metros.

  • Utilizam plantas emergentes que crescem acima da linha d'água.

Vantagens:

  • Baixo custo de construção e operação.

  • Alta biodiversidade, promovendo habitats para a fauna local.

  • Eficientes na remoção de nutrientes e matéria orgânica.

Aplicações:

  • Tratamento de esgoto doméstico e agrícola.

  • Remoção de nutrientes de águas de drenagem agrícola.

  • Polimento de efluentes tratados em sistemas secundários.

Jardins de Fluxo Subsuperficial Horizontal


Jardins Horizontal de Fluxo SubSuperficial (HSSF)
Jardins Horizontal de Fluxo SubSuperficial (HSSF)

Os Jardins de fluxo subsuperficial horizontal (HSSF) são projetados para que a água residual flua horizontalmente através do substrato, abaixo da superfície, entrando em contato com a zona radicular das plantas.

Características:

  • A água flui horizontalmente através do substrato.

  • Profundidade típica entre 0,5 e 1,0 metros.

  • Utilizam uma combinação de plantas emergentes e flutuantes.

Vantagens:

  • Menor risco de formação de odores e proliferação de insetos.

  • Eficiente na remoção de sólidos suspensos e matéria orgânica.

  • Menor área necessária em comparação aos FWS.

Aplicações:

  • Tratamento de esgoto doméstico em áreas urbanas e rurais.

  • Tratamento de efluentes industriais com cargas orgânicas moderadas.

  • Polimento de lixiviados de aterros sanitários.

Jardins de Fluxo Subsuperficial Vertical


Jardim Vertical de Fluxo Subsuperficial (VSSF)
Jardim Vertical de Fluxo Subsuperficial (VSSF)

Os Jardins de fluxo subsuperficial vertical (VSSF) são projetados para que a água residual seja distribuída na superfície do substrato e flua verticalmente para baixo, passando por diferentes camadas de material filtrante.

Características:

  • A água é distribuída uniformemente na superfície e flui verticalmente.

  • Profundidade típica entre 0,6 e 1,2 metros.

  • Utilizam plantas emergentes, que ajudam na oxigenação do substrato.

Vantagens:

  • Alta eficiência na remoção de amônia e patógenos.

  • Melhora a oxigenação do substrato, promovendo condições aeróbicas.

  • Menor área necessária comparada aos FWS e HSSF.

Aplicações:

  • Tratamento de esgoto doméstico com alta eficiência.

  • Tratamento de efluentes industriais com alta carga orgânica.

  • Sistemas de polimento final em combinação com outros tratamentos.

Jardins Híbridos



Esquema demonstrando os Tipos de Jardins de Tratamento, incluindo exemplo de Jardins Híbridos
Esquema demonstrando os Tipos de Jardins de Tratamento, incluindo exemplo de Jardins Híbridos

Os sistemas híbridos combinam diferentes tipos de Jardins para maximizar a eficiência do tratamento, aproveitando as vantagens de cada tipo. Esses sistemas podem ser configurados em série ou em paralelo, dependendo das necessidades específicas de tratamento.

Vantagens:

  • Maior flexibilidade e eficiência no tratamento de diversos tipos de efluentes.

  • Possibilidade de atingir altos níveis de remoção de contaminantes.

  • Adaptabilidade a variações sazonais e de carga de efluentes.

Aplicações:

  • Tratamento de efluentes complexos, como os provenientes de indústrias químicas e farmacêuticas.

  • Sistemas de tratamento em comunidades rurais e urbanas com variação de carga.

Considerações para a Seleção do Tipo de Jardim

A escolha do tipo de wetland construído é um passo crítico no planejamento de um Jardim de Tratamento de Efluentes (JTE). Essa decisão deve levar em conta uma variedade de fatores que influenciam a eficácia, viabilidade e sustentabilidade do sistema. Aqui estão as principais considerações:

  1. 💧🧪Tipo e Carga do Efluente a ser Tratado: O tipo e a carga do efluente são determinantes fundamentais para a escolha do sistema de wetland construído. Efluentes com altas cargas orgânicas, como os provenientes de indústrias alimentícias, podem exigir sistemas mais robustos, como os jardins de fluxo vertical, que proporcionam maior oxigenação. Por outro lado, efluentes menos carregados, como esgotos domésticos secundários, podem ser eficazmente tratados por jardins de fluxo horizontal.

  2. 🌦️🌍Condições Climáticas e Geográficas do Local: As condições climáticas e geográficas são vitais para determinar o tipo de wetland. Regiões com climas frios podem enfrentar desafios com sistemas de fluxo superficial devido ao risco de congelamento. Em contraste, regiões tropicais com alta evapotranspiração podem se beneficiar de sistemas de fluxo horizontal ou híbridos que mantêm melhor a umidade do solo.

  3. 🏞️📏Espaço Disponível para a Construção do Sistema: A disponibilidade de espaço é uma consideração prática crucial. Jardins de fluxo superficial e horizontal geralmente requerem áreas maiores devido à sua extensão. Já os sistemas de fluxo vertical, por sua configuração, podem ser instalados em áreas menores, tornando-os ideais para locais com limitações de espaço.

  4. 🎯🏆Objetivos Específicos de Tratamento: Os objetivos específicos de tratamento também orientam a escolha do tipo de wetland. Alguns sistemas são mais eficazes na remoção de nutrientes, enquanto outros são melhores na remoção de patógenos ou metais pesados. Por exemplo, jardins de fluxo horizontal são particularmente eficazes na remoção de nutrientes devido ao contato prolongado com o substrato e a vegetação.

  5. 💰📉Disponibilidade de Recursos Financeiros e Técnicos: A construção e manutenção de Jardins de Tratamento envolvem custos que variam conforme o tipo de sistema. Jardins de fluxo superficial podem ser mais baratos de construir, mas podem exigir mais espaço e manutenção contínua. Sistemas mais complexos, como os de fluxo vertical, podem ter custos iniciais mais altos, mas oferecem maior eficiência e ocupam menos espaço.

A seleção do tipo de Jardim de Tratamento deve ser baseada em uma análise cuidadosa de vários fatores, incluindo o tipo e a carga do efluente, as condições climáticas e geográficas, o espaço disponível, os objetivos específicos de tratamento e os recursos financeiros e técnicos. Cada um desses aspectos desempenha um papel crucial na determinação do sistema mais adequado, garantindo que o Jardim de Tratamento de Efluentes funcione de maneira eficiente e sustentável.

Conclusão

Os diferentes tipos de Jardins de Tratamento oferecem uma gama de opções flexíveis e eficientes para o tratamento de águas residuais. Compreender as características, vantagens e aplicações de cada tipo é essencial para selecionar o sistema mais adequado para cada situação. Os próximos artigos da série continuarão a explorar em detalhes os componentes, design, manutenção e desafios dos Jardins de Tratamento de Efluentes, proporcionando uma visão abrangente e autoritativa dessa solução sustentável.


Tabela com as Principais características de cada Tipo de Jardim de Tratamento.
Principais características de cada Tipo de Jardim de Tratamento. Fonte: Ecclo

 

Esse é o quarto artigo do Curso: Jardins de Tratamento. Fique conosco e descubra como os Jardins de Tratamento de Efluentes podem transformar a gestão da água em uma história de sustentabilidade e equilíbrio.

Artigos da Série:

  1. Introdução aos Jardins de Tratamento de Efluentes

  2. História e Evolução dos Wetlands e Jardins de Tratamentos

  3. Princípios Básicos dos Jardins de Tratamento

  4. Tipos de Jardins de Tratamentos

  5. Componentes dos JTES: Hidrologia - Elemento Essencial para a Eficácia

  6. Componentes dos JTES: Substratos - A Base para um Tratamento Eficaz

  7. Componentes dos JTES: Vegetação - Escolha e Manejo para Máxima Eficácia

  8. Processos de Tratamento de Efluentes em Jardins e desempenho

  9. Design Geral e Dimensionamento dos Jardins de Tratamento de Efluentes (JTEs)

  10. Aplicações Industriais dos Jardins de Tratamento

  11. Manutenção e Monitoramento de Jardins de Tratamento

  12. Desafios e Soluções em Jardins de Tratamento

  13. Impacto Ambiental e Sustentabilidade dos Jardins de Tratamento

 

Este artigo foi baseado no conhecimento dos especialistas da Ecclo e em uma vasta revisão da literatura especializada. As fontes de referência incluem trabalhos fundamentais e atualizados na área de tratamento de águas residuais utilizando Jardins de Tratamento. A seguir, apresentamos a lista de referências bibliográficas que embasaram este estudo e contribuíram para a profundidade e precisão das informações apresentadas:

  1. Stefanakis, A. I., Akratos, C. S., & Tsihrintzis, V. A. (2014). Vertical Flow Constructed Wetlands: Eco-engineering Systems for Wastewater and Sludge Treatment. Elsevier. DOI: 10.1016/B978-0-12-404612-2.00001-5.

  2. von Sperling, M., & Sezerino, P. H. (2018). Boletim Wetlands Brasil - Edição Especial: Dimensionamento de Wetlands Construídos no Brasil. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto.

  3. Sezerino, P. H., et al. (2018). Wetlands Brasil: Experiências Brasileiras. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto.

  4. Alexandros Stefanakis, et al. (2019). Introduction to Constructed Wetlands. ResearchGate. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/288194309_Introduction_to_Constructed_Wetlands.

  5. Vymazal, J. (2022). The Historical Development of Constructed Wetlands for Wastewater Treatment. Land, 11(2), 174. https://doi.org/10.3390/land11020174

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